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Maria Santo

Maria Santo nasceu no Rio de Janeiro, Brasil, em 1967, onde viveu até aos 12 anos. A sua formação teve início no campo do Design de Moda, no IADE, tendo trabalhado em seguida na marca Cenoura.

 

Mais tarde, ingressa na Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Nova de Lisboa, onde conclui uma licenciatura em História da Arte, seguida de uma pós-graduação em Arte Contemporânea, na Universidade Católica. No entanto, a sua paixão pela fotografia leva-a, no ano de 2011, a inscrever-se no curso de Fotografia do Ar.Co.

 

Trabalha preferencialmente a fotografia analógica e os médio e grande formatos. Os processos alternativos de fotografia são também uma constante no seu trabalho artístico, tendo já realizado diversos workshops e tutorias com artistas de renome.

Quando falamos de ficção geralmente nos estamos a referir à realidade, e quando falamos em ninguém, o nosso imaginário transporta-nos imediatamente a todo o mundo e a todas as pessoas. Ser passa a significar o não-ser assim como a a verdade cedeu lugar ao fenómeno da “Post-truth”.
 

Mentira, ficção e não-ser parecem hoje (ou sempre o foram mas não podíamos ser testemunhas desse fenómeno) modelo de vivências e convivências num aglomerado relacional pautado por uma melancolia também ela velada.
 

Neste contexto, uma das principais questões é a da definição do que é a mentira como acto de simulação e dissimulação. Serão estes actos sinónimos de mentira? Ou serão estes 99 “apenas” uma contradição consciente - embora escondida - entre o que se crê como verdadeiro e a forma como se comunica algo, com alguma intenção? Nestes casos, chegamos à conclusão de que a mentira não é o contrário da verdade, mas uma prática linguistica e social, como o são a honestidade e a autenticidade, tal como a definiu Jacques Derrida:

 

"Eis agora, então, tal como creio que a devo formular aqui, uma definição da definição tradicional da mentira. Na sua figura prevalente e reconhecida por todos, a mentira não é um fato ou um estado, é um ato intencional, um mentir – não existe a mentira, há este dizer ou este querer-dizer que se chama mentir: mentir seria dirigir a outrem (pois não se mente senão ao outro, não se pode mentir a si mesmo, a não ser a si mesmo enquanto outro) um ou mais de um enunciado, uma série de enunciados (constativos ou performativos) cujo mentiroso sabe, em consciência, em consciência explícita, temática, atual, que eles formam asserções total ou parcialmente falsas; é preciso insistir desde já nessa pluralidade e complexidade, até mesmo heterogeneidade. Tais atos intencionais são destinados ao outro, a outro ou outros, a fim de enganá-los, de levá-los a crer (a noção de crença é aqui irredutível, mesmo que permaneça obscura) naquilo que é dito, numa situação em que o mentiroso, seja por compromisso explícito, por juramento ou promessa implícita, deu a entender que diz toda a verdade e somente a verdade"

Jacques Derrida, (1996). História da mentira: prolegômenos. Estudos Avançados, 10(27), 7-39. Recuperado de http://www.revistas.usp.br/eav/article/view/8934

Maria Santo

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