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Filipa Roque

Nasceu em Leiria em 1986. Vive e trabalha em Lisboa. 

 

Tem participado, desde 2010, em várias exposições colectivas, e foi seleccionada para diferentes concursos, tais como Jovens Criadores 2012 (Cascais), Art < 30 2012 (Sala Parés, Galeria Trama, Barcelona), XVI Call (Galéria Luis Adelantado, 2015, Valência). Em 2016 conta com o projecto O lugar das coisas na exposição colectiva Babel, na Miguel Justino Contemporary Art, em Lisboa, e expõe, ainda, na Pop Up Gallery, da Ocupart, em Lisboa. Em 2015, teve a sua primeira exposição individual, Desenhos Longos, na Galeria Quadrum, em Lisboa. Participou na 17ª e 18ª Bienal de Cerveira (2013, 2015) e foi artista residente na edição de 2013. Em 2014, esteve em residência artística na Budapest Galéria, no âmbito do programa de intercâmbio Lisboa-Budapeste. 

 

Tem a sua obra representada nas colecções da Câmara Municipal da Amadora, da Fundação Bienal de Cerveira, da Fundación Banc Sabadell (Espanha) e da Budapest Galéria (Hungria).

Linhas, cores, grelhas, quadrados, círculos são ferramentas essenciais à minha prática artística, seja esta pintura, desenho, uma mescla entre as duas, ou ainda os múltiplos da serigrafia. Distingue-se uma família de formas que habita as várias composições, definidas pela tensão ou equilíbrio entre as pinceladas lineares e as formas planas, opacas saturadas de cor. O fascínio por este universo pictórico é central na minha motivação enquanto artista: os próprios traços, o gesto assertivo do desenho, as manchas e a sua articulação lúdica.

As composições são determinadas pela imposição interna do suporte, que se assume na sua irregularidade, sejam os nós da madeira a ditar a ondulação das figuras, os rasgos do papel ou o formato pouco habitual. A determinação das superfícies é aparentemente geométrica, no entanto nenhum quadrado é exato, não há uma divisão precisa da página e nem sequer uma linha direita. Esta falsa geometria alia-se à natureza orgânica desta abstração. O termo não figurativo talvez seja mais querido ao meu processo criativo. Cada imagem sobrepõe-se a uma realidade reconhecível, no entanto escapa a qualquer representação objetiva, porque pertence inteiramente ao mundo interior da pintura. A familiaridade com traços e formas justifica-se pela reminiscência com a paisagem, elementos da natureza, objetos ou pelos gestos controlados da mão. Na mesa de trabalho onde as folhas e telas esticadas vão tomando formas, é frequente o papel rodar sobre si mesmo, e adquirir uma nova intenção, prova do descompromisso com a figura final.

Nos meus projetos mais recentes, procuro aliar a minha prática no atelier ao modo como as diferentes peças surgem no espaço expositivo. O formato acessível e o suporte em papel facilitam a sua execução em grupo, no local de trabalho surgem diálogos antes de qualquer finalização, que podem ser intensificados quando as pinturas são expostas na mesma superfície. processo de articulação no espaço depende primeiro das características deste e da dinâmica interna de cada peça, mas num último momento também são criadas relações externas entre as várias composições sejam de contraste, harmonia ou simplesmente semelhança cromática. similitudes no ato de expor e no de criar, a mesma intenção compositiva determinante em cada peça trespassa para a superfície da exposição. Obedecer à natureza das pinturas na sua transposição para o local fortalece o seu valor estético individual e coletivo.

Existe, então uma grande espontaneidade no meu processo de trabalho, embora resulte de um longo processo de apagamento e construção, por camadas aceites ou negadas. Os resultados plásticos partilham a mesma identidade, embora cada uma seja o resultado de uma acumulação de escolhas visuais diferentes. Embora pareça simples e fácil, escondem-se camadas de tinta planas, ou traços imperfeitos, recusando afirmações fortuitas no produto visual finalizado. Estes vestígios, juntamente com a aceitação da imperfeição dos suportes e a sensibilidade dos traços e pinceladas, exacerbam o caracter intimista dos trabalhos, essa certa familiaridade escondida nas formas quase nomeáveis.

 

Filipa Roque

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