A paixão pela fotografia surge de uma pura necessidade por criar: como um meio inesperado; como veículo de ligação ao fazer artístico. A figura humana é, por seu lado, o centro dessa criação: interessa-me captar as suas movimentações, as suas reacções.

 

O corpo humano adapta-se ao espaço e é capaz de se mover como nenhum outro objecto. Nesta medida, enquanto artista, a carne e a pele — a CRU — são mais do que simples ferramentas: são a expressão e a forma visível das minhas intenções.

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Expor, mesmo imprimir, nunca foi uma ambição. A ideia para esta exposição surge espontaneamente, de forma a encerrar um ciclo. CRU foi como um escape. Uma forma de expressão livre de constrangimentos ou limitações. Foi um projecto que me possibilitou pôr em práctica um registo mais conceptual, que me permitiu recuar em direcção à minha formação artística no Ar.Co e distanciar-me do trabalho rigoroso de pós-produção com que lido diariamente e que exige contornos de perfeição.

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Interessa-me a luz, o corpo, o gesto. Interessa-me o olhar imprudente e sincero. Interessa-me captar as genuínas variações desses corpos, na intimidade, sem qualquer retoque que disfarce a realidade.

É a preto no branco.

 

MiguelÂngelo

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